05/04/2020

Especialista alerta para importância do isolamento social em Jaguariúna

Professor Luiz Felipe Vale, formado pela Unicamp, que fez um projeção dos casos de coronavírus na cidade

Wagner Luan

Na tarde dessa sexta-feira (03), o prefeito de Jaguariúna, Gustavo Reis (MDB) conversou com o professor Luiz Felipe Vale, formado pela Unicamp, que fez um projeção dos casos de coronavírus na cidade, baseado em um estudo de uma universidade do Reino Unido.

Gustavo explicou que Luiz Felipe é professor de Ciências Sociais em Saúde pela UniFaj, mestrando na PUC Campinas, doutor e escritor. O prefeito disse que as projeções foram feitas com base na metodologia usada pelo Imperial Colegge, do Reino Unido que já fez projeções semelhantes na pandemia da H1N1.

O prefeito iniciou perguntando: “Qual a gravidade que nós podemos ter se a gente não tomar os cuidados devidos?”.

O professor respondeu que a metodologia está baseada em dados científicos que vieram de amostras de lugares que já passaram pela fase mais aguda como a China, o Japão, Itália, e mais recentemente os Estados Unidos. Ele apresentou alguns cenários que podem acontecer em Jaguariúna.

“O primeiro cenário seria tocar a vida normalmente sem qualquer tipo de preocupação ,com escolas funcionando, supermercados, o pessoal levando sua vida normalmente , esse cenário para Jaguariúna representaria uma infecção de quase 90% da população em menos de 10 dias”, iniciou ele.

“O problema é que quando essa taxa de contaminação é alta, uma parcela, cerca de 20% de quem se contamina, precisa de hospitais e dentro desse casos de hospitalização que poderiam chegar a mais de 1600, mais de 400 leitos seriam necessários dentro da UTI e não é uma questão de Jaguariúna, é uma questão de toda a região, de todo o Brasil”, completou.

Em seguida, apresentou um segundo cenário. “Fazendo o distanciamento social que é lavar as mãos com álcool em gel, manter a distância entre as pessoas, evitar lugares com aglomerações, esse cenário já melhora, mas ainda assim é muito grave. Nesse cenário, nós teríamos mais de 30 mil pessoas contaminadas no pico de infecção, mais de mil pessoas necessitando de hospitalização, mais de 200 necessitando de leito de UTI”, explicou e complementou. “Portanto, não é suficiente seguir a vida mantendo distância uma da outra”.

O especialista explicou que o ideal, é a quarentena. “ É necessário usar as medias de supressão que é o que a gente está chamando hoje de quarentena, ou seja, fechamento de todo o comércio, exceto aquele considerado essencial e a população precisa entender que fazendo de maneira correta, saindo de casa só quando for extremamente necessário, de 50 mil pessoas contaminadas no pico , a gente cairia para 13 mil pessoas contaminadas, ainda assim necessitando de uma quantidade grande hospitalização, mas que é mais fácil que o Sistema Único de Saúde possa comportar esses casos”, frisou.

Nesse cenário, segundo o professor, cerca de 65 precisariam de leitos de UTI.

Luiz Felipe alertou que o vírus pode demorar até 10 dias para apresentar sintomas e que isso faz com que as pessoas comecem a relaxar e é ai que está o perigo. “Nesse período de aparente tranquilidade, o vírus vai se espalhando, contaminando as pessoas e quando os sintomas começam a aparecer, eles vem como uma avalanche, sobrecarregando de modo bastante brusco e intenso, o sistema de saúde”, avisou.

O professor explanou que o ideal é evitar que os casos explodam de uma vez.” Temos que espalhar o máximo essa janela de infecção para não sobrecarregar o SUS. A gente tem que tomar muito cuidado para não deixar ainda mais complicada, uma situação que já é complexa”, pediu.

Ele ainda disse que o vírus surgiu a pouco tempo e que os especialistas em saúde estão lutando para buscar uma vacina ou tratamento para essa doença. Ele também frisou que não se pode comparar o coronavírus com o surto de H1N1 que ocorreu. “A taxa de contaminação do H1N1 é de um para um e meio, por isso, não se espalhou como o Covid 19 e a mortalidade dele é bem menor. O Covid 19 é muito pior, muito mais agressivo que o H1N1”, afirmou.

O prefeito Gustavo Reis também falou. “A explanação dele é muito importante porque mostra que nós temos quer ter a quarentena para ter o espaçamento para não ter o colapso no sistema de saúde. Se a gente pode fazer gradualmente a cura dessas pessoas, nós não podemos deixar todo mundo ir ao hospital ao mesmo tempo”, finalizou.

……………………………………..

Tem uma sugestão de reportagem? Clique aqui e envie para o Portal Jaguariunense

 


Comentários

Não nos responsabilizamos pelos comentários feitos por nossos visitantes, sendo certo que as opiniões aqui prestadas não representam a opinião do Grupo Bússulo Comunicação Ltda.